Sobre nós

    O Projeto “Saberes e Sabores”, além de partir de uma base já reconhecida de pratos como akará, asarô, begueri, caruru, xinxim de galinha, manguzá, canjica, acaçá, manuê, xerem, amalá, vatapá e acarajé, entre outros, realizará pesquisas e levantamentos de outros pratos, receitas e ingredientes da Culinária Afro-brasileira, suas histórias, mitologia, mitos e lendas, além da forma adequada de se servir cada prato. A partir desse trabalho inicial, serão oferecidas Oficinas, Mostras e Feiras de Culinária Afro-brasileira.

   As Oficinas serão realizadas em espaços de comunidades de Matriz Africana, enquanto as Mostras e Feiras ocorrerão em locais públicos de fácil acesso, permitindo assim a participação do maior número de interessados, contando com seminários, exibição de documentários, apresentação de obras literárias sobre o tema, divulgação de receitas e espaço de degustação e comercialização de produtos (pratos e ingredientes).

 

Nossos usuários

    O Projeto “Saberes e Sabores”, com suas oficinas (teórica e práticas), mostras de degustação e feiras de culinária afro-brasileira, é oferecido a homens e mulheres, jovens e adultos, moradores da Região Metropolitana de Campinas, em especial àqueles que residam próximos de comunidades de matriz africana, uma vez que se utilizará desses espaços  para a realização das oficinas.

 

História do projeto

    O espaço geográfico denominado Região Metropolitana de Campinas foi, historicamente, marcado pela radicalidade da exploração da mão de obra escravizada, nessa que foi a principal área geográfica e econômica de desenvolvimento da monocultura cafeeira, comportando, a partir da segunda metade do século XIX, um dos maiores índices de população negra do país, sendo esse um dos motivos para que aqui também se concentrassem, no período pós abolição (e mesmo antes disso), muitos projetos oficiais de branqueamento da população, sobretudo através dos grandes fluxos imigratórios europeus que aqui se instalaram.

   A maior amplitude da violência da escravidão, seguida de longo período de pressão pró esquecimento de valores, saberes, manifestações e tradições, transformou os elementos da cultura negra, entre os quais sua culinária, em “estranhas” manifestações para a maioria da população local.

   Apenas a partir da década iniciada em 1990, manifestações culturais negras passaram a ser percebidas com mais frequência pelo grande público, sobressaindo-se a música, a dança, formas de vestir, exibir e manter os cabelos. Até mesmo manifestações culturais de perfil religioso de matriz africana, expostas em rua, como a “Lavagem das Escadarias da Catedral”, realizada por Casas de Candomblé e Umbanda da Região, passaram a ocupar seu espaço, inclusive no Calendário Oficial de Eventos da cidade de Campinas.

   Em relação à Culinária Afro-brasileira, no entanto, não se verifica a mesma ocupação de espaço público. Com exceção do acarajé, que mesmo assim conta com apenas 02 (duas) bancas de produção e comercialização, montadas durante 03 (três) dias da semana, em feira de artes, artesanatos e comidas típicas, na região central da cidade de Campinas, podemos dizer que a Culinária Afro-brasileira continua vivendo reclusa nas cozinhas das comunidades de Matriz Africana (“terreiros” de Candomblé e Umbanda).

   Mas, não é possível compreender toda a dimensão da Cultura Negra sem recolocar sua Culinária no local de honra que lhe é devido. A valorização da Cultura Negra não ocorre sem a preservação e o (re)conhecimento da Culinária Afro-brasileira como bem cultural, imaterial, parte primordial de um conjunto significativo e amplo dessa cultura, não podendo ser desconsiderados a compreensão das origens sagradas desses pratos, bem como elementos associados às formas específicas de sua comercialização e venda, como é o caso do próprio acarajé, a indumentária da baiana, a preparação do tabuleiro, a natureza informal do comércio, entendido aqui como atividade que representa uma conquista da comunidade afrodescendente, como agente de articulação social.